Acho que a beleza da língua portuguesa, especialmente em sua variante brasileira, deve com certeza sua musicalidade à incrível variedade de sons da sua estrutura fonológica. Isso faz com que seja uma acrobata entre as línguas românicas, graças à sua combinação de vogais e fricativas passando por glides nasais e trintongos, sempre mantendo seu próprio ritmo sincopado e entonação languida , exatamente como o ritmo da bossa nova, a que bem se adapta.
Tudo que eu sei é que o português realmente tem uma batida diferente com seus acrobacias sonoras, como canta Leny Andrade. Uma batida diferente, que o italiano ou o espanhol parecem não ter. Pelo menos não na mesma medida.
Quando ouço Elis Regina cantando O Bȇbado e A Equilibrista percebo como a língua portuguesa é a rainha das acrobacias. Começa suavemente. Arranha ocasionalmente com suas ‘r’, arrastando os pés com africadas surdas, antes de mostrar a extensão de suas poderosas vogais. E antes de mostrar o céu com a última sílaba de ‘continuar’.
E enquanto o ritmo do português falado é inebriante, a linguagem escrita é igualmente fascinante com seus grafemas incomuns e combinação de caracteres. Tente escriver ou pronunciar a palavra desenrascanço, uma palavra que descrive perfeitamente o orgulho ‘tuga’, e uma palavra que dificilmente pode ser traduzida.
Por fim, para os tradutores que têm a sorte de trabalhar com o português, aqui estão alguns livros que usei ao longo dos anos para aprender mais sobre essa lingua maravilhosa.